A grande fraqueza de minha
existência é e sempre foi a nostalgia. Não sou muito velho nem vivi muita
coisa, muito embora, acreditem, tudo o que vivi tenha valido “até os ossos”. Emociono-me
como os antigos homens se emocionavam diante das ruínas que permanecem alheias
ao tempo.
Emocionado,
foi assim que me senti ao olhar o “Palavras” depois de tanto tempo de ausência
e ainda mais hoje, que me encontro resumidamente triste, diante de uma noite de
quinta que insiste em existir. Atentamente olho o blog, parece há muito abandonado. Releio alguns textos, imaginando
se existe mérito literário em qualquer um deles. Não devo ser a pessoa mais
indicada para respondê-lo. Releio também alguns comentários – muitas pessoas
queridas que apenas conheço no mundo virtual, uma pena mesmo. Algumas dessas
pessoas revelam que as ajudei com meus textos, coisa que sinceramente espero
ter feito, porque a gente não simplesmente escreve, a gente escreve para o
mundo todo ou apenas para quem queira ler. Se não fosse assim, não se faria
nada. Mas também fui muito ajudado por aqueles que dizem que ajudei e por isso
sou muito grato (onde está o limite do que sou enquanto escrevo e daquilo que
sou enquanto sou lido?)
Nunca
pensei em acabar com o blog, mas
escrever não foi opção nos últimos tempos. No entanto – e isso muito me admira –
como posso viver no mundo sem poder descrevê-lo em palavras? Como omitir esta
vontade de falar em tudo, como se o texto que carrego no peito se pusesse a fugir
para fora de mim e quisesse dizer de tudo muito mais do que permito? Nada sei
da qualidade daquilo que escrevo, apenas o faço sem pensar muito e sacio um
desejo que apenas eu conheço. Apenas eu.
Palavra,
se me aceitas, te recebo como noiva.