A seca inspiracional é algo que me deixa muito preocupado. Sabe como é: meses sem escrever tornam a escrita – um grande prazer que tenho – em uma torturante obrigação. Bom, acho que as coisas não deviam ser assim.
Oxalá eu fosse um desses escritores (quanta pretensão, aqui me incluir no rol dos escritores) que parem a palavra a torto e a direito e que tornam a língua um artifício dinâmico a serviço da arte. As minhas inspirações ainda estão presas nas paisagens, no eco das lembranças, no rabisco da página em branco. Ter meu texto ainda é difícil; é fazer um exaustivo exercício no escuro. E às cegas, colher o meu resultado no imprevisível.
Escrever sazonalmente ou voluptuosamente é ainda tarefa para poucos. A inspiração não é vendida em volumes nas livrarias nem em doses nas farmácias. Ela é gratuita, livre, solta e esse é problema dela, o que a torna etérea como fumaça. Os pitagóricos consideravam os números sagrados; elementos que surgiam na cabeça humana e que só podiam ter uma origem: os céus. Meu domínio divino é a palavra; a força que essa exerce em minha vida; o momento em que se abre uma brecha na minha vista cansada, para que eu consiga ver o mundo como ele é em meus sonhos mais distantes. Escrever; parir palavras, assim como no caso dos números, só pode ser sagrado, pois é enxergar Deus em um contínuo estudo sobre o nada.
Faz tempo que não vinha aqui..
ResponderExcluire concordo com vc..
A gente fica um tempo sem postar.. dá uma sensação de obrigação né...
Sei lá...
Só sei que é assim!
Abs,
Silvia.
Rs...
ResponderExcluirA foto não é minha não..
Acho que aqui no blogger, eu prefiro manter minha identidade secreta..
Não sou muito fã de exposição...
rs..
Abs,
Para mim sagrado é tudo aquilo que é espontâneo, que germina para o bem...adorei este e o outro texto anterior, ando se tempo de comentar, mas fica aqui uma passagem rápida, porém sincera!!!
ResponderExcluir1 abraço.
O João Silvério Trevisan me disse certa vez que que escritor de fim de semana, escreve texto de fim de semana. Tenebroso.
ResponderExcluir"Lutar com palavras é a luta mais vã. Entanto lutamos mal rompe a manhã. São muitas, eu pouco. Algumas, tão fortes como o javali. Não me julgo louco. Se o fosse, teria poder de encantá-las. Mas lúcido e frio, apareço e tento apanhar algumas para meu sustento num dia de vida. Deixam-se enlaçar, tontas à carícia e súbito fogem e não há ameaça e nem há sevícia que as traga de novo ao centro da praça."/Drummond disse isso. Imagine nós, pobres garimpeiros dessa pérola num rio de águas, ora turvas, barrentas e por poucas vezes cristalinas? O melhor a fazer nesses momentos é não sentirmos obrigados a nada. Ela mesmo (a palavra) nos procura depois. Abraço grande, Thomaz. Paz e bem.
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