Estou sem televisão por
assinatura e estou sentindo uma falta danada porque tenho um ótimo pacote de
canais. Por alguma causa natural – pode ter sido uma ventania muito forte que
deu por aqui – ou até mesmo incompetência do técnico que fez a instalação, minha
antena caiu e fiquei sem sinal.
O que fazer enquanto o técnico
não chega?
Como tenho pouquíssimas opções
na televisão convencional – aqui em casa só pegam dois canais – recorri à minha
velha coleção de DVD’s, que andava em
baixa por causa da tal televisão fechada. Para dizer a verdade, ainda não
migrei para o formato Blu-Ray
justamente pela comodidade de ter tantos filmes à disposição nos muitos canais
oferecidos. De repente percebi o quanto fiquei acomodado e preguiçoso nesse
quesito. Logo eu, que um dia tive uma enorme coleção de fitas VHS. As pessoas que estiverem abaixo da
casa dos 30 anos, sintam-se desobrigadas em ler este texto, definitivamente
isto aqui não é da época de vocês.
Voltando ao assunto, fiquei
observando meus DVD’s, buscando um
título que me interessasse e ai bateu uma saudade dos anos de 80 e 90, porque
lembrei que naquelas décadas não havia DVD
e o boom das locadoras – que nem
sonhavam com pirataria digital – era alimentado por aquelas fitas cassete
enormes que levávamos para casa sob a ameaçadora advertência de rebobiná-las
antes de devolver. Bons tempos aqueles. Tudo era diferente. O cinema era outro,
a música era outra, a vida era outra. No ar havia menos malícia e mais
fantasia. Já disseram que nasci com uma cabeça velha demais, que falo muito do
que passou. É verdade, falo muito do passado, até mesmo porque é só dele que
posso falar com conhecimento de causa, pois o futuro ainda virá e o presente
deixa de sê-lo no instante seguinte. Resta-me então o tempo que passou e as
lembranças deixadas por ele.
Muita coisa, além do VHS, ficou
para trás. Eu mesmo já deixei de
contabilizar perdas e ganhos, simplesmente deixo acontecer. Novas gerações sucederam
a minha e outras deixaram de falar comigo por já terem ido embora. Alguns de
meus heróis ainda estão por ai, me defendendo; outros viraram bandidos e
cumprem as penas dos crimes que antigamente combatiam. Máquinas de escrever –
que me serviram tanto na faculdade – são peças de museu. A música perdeu a
forma física, ela agora é digital, onipresente. O que me espanta é o preço dos
vinis, caros por serem raros. Os tempos mudaram e as pessoas que agora estão
conectadas às redes sociais, nunca estiveram tão longe de si mesmas. Porém, não
posso negar que muito melhorou, posso oferecer mais do que meus pais podiam me
oferecer; todo mundo pode – dentro do limite legal – falar o que pensa; a
tecnologia já nem é mais tão restrita; e a medicina só avança.
Deixei de procurar um DVD, o filme poderia ficar para depois,
preferi ligar para a minha mãe e saber como ela estava.
Belo texto!!
ResponderExcluirObrigado, cunhada.
ResponderExcluirGostei muito, fez me relembrar a saudosa época das fitas, longas tardes de domingo a ver filmes, sem a interrupção de tantos aplicativos modernos.
ResponderExcluirPodemos oferecer muito mais que nossos pais nos ofereceram. Lendo isso, não tive como deixar de desejar que um dia os nossos filhos também deixem (qualquer tecnologia) para depois e prefiram nos ligar somente para saber como estamos.
Muito bonito!
Também me dá muitas saudades. Quase não existem mais locadoras em minha cidade e eu adorava o clima delas, assim como um monte de outras coisas legais que simplesmente deixaram de existir. Fico esperançoso de que as próximas gerações façam uma religação com tudo o que havia de bom - ainda que isso não venha se efetivando.
ExcluirObrigado pela leitura, Sara. Abraços.
Que as próximas gerações levem muitas mordidas da vida, assim como nós levamos. Obrigada. Abraço.
ExcluirOlá, Thomaz, bom demais seu texto, atualíssimo! Tenho lembranças ótimas dessa época. Você esteve afastado por um tempo do blog, foi pena...
ResponderExcluirGrande abraço, continue a nos brindar com seus textos.
Obrigado Taís, é sempre bom ver seus comentários por aqui; Melhor ainda é ver seu texto. Estive afastado, é verdade, mas pretendo ficar mais regular por aqui. Grande abraço.
Excluirmuito bom o texto
ResponderExcluirValeu Jório. Como fico muito sem passar por aqui, só agora vi seu comentário. Obrigado, amigo
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